Sobre Heliópolis

A favela, ou comunidade de Heliópolis (em grego, “Cidade do Sol”), teve origem em 1971, quando a Prefeitura resolveu desalojar 102 famílias da favela de Vila Prudente para a construção de um viaduto sobre o rio Tamanduateí e realojá-las num terreno do extinto IAPAS - Instituto de Administração Financeira da Previdência e Assistência Social.

O que deveria ser um assentamento provisório cresceu rapidamente e de forma incontrolável, gerando assim inúmeros problemas. Mas cresceram também a conscientização e as reivindicações dos moradores.

Hoje, Heliópolis é considerada a favela mais organizada no que se refere à luta por melhores condições de vida e questões sociais.

Fundada em 1987, a UNAS - União de Núcleos, Associações e Sociedades de Moradores de Heliópolis e São João Clímaco, assumiu inicialmente as reivindicações referentes à posse das áreas ocupadas. Depois ampliou suas ações num trabalho comunitário, buscando parcerias na iniciativa privada, a fim de desenvolver projetos nas áreas de educação, cultura, esporte, saúde, habitação e assistência social; programas para alfabetização de adultos, de inclusão digital, de apoio aos sem-teto e a jovens infratores.

Mas os problemas ainda são muitos e a questão das moradias continua sendo crucial, pois os moradores não conseguem legalizá-las. Muitos dispõem de documentação inconsistente, outros esbarram na burocracia oficial, pois a própria documentação do IAPAS sobre o terreno parece ter irregularidades.

Atualmente, Heliópolis é a segunda maior favela do Brasil e da América Latina. As habitações são quase todas de tijolos e concreto, distribuídas quase aleatoriamente por uma área de um milhão de metros quadrados, compondo um cenário caótico de ruelas tortuosas e becos sem saída, abrigando aproximadamente 125 mil pessoas; 91% delas são de origem nordestina, 52% com idade até 25 anos. A alta densidade demográfica é centrada em dez núcleos, com um número considerável de precárias moradias e conjuntos habitacionais populares, habitados por famílias constituídas por grande número de pessoas.

Falta emprego. De cada 10 adolescentes de Heliópolis, seis estão desempregados e 80% dos moradores sobrevivem com renda de um a três salários mínimos, enquanto um grande número de pessoas não tem renda nenhuma. Ainda, de cada 10 adolescentes, quatro não freqüentam a escola.

A maior causa de morte de jovens de 12 a 20 anos é o homicídio, causado por brigas do tráfico de drogas. Esses problemas sociais envolvendo jovens estão incluídos na pauta da agenda política do país e são discutidos em grupos que cuidam da criação de políticas públicas voltadas para a juventude, incluindo a aplicação do Estatuto da Juventude. Um dos constantes desafios na vida dos jovens é o primeiro emprego.

As iniciativas existentes para essa questão tem se mostrado ainda insuficientes.

O assunto vem ganhando cada vez mais importância e visibilidade, inclusive internacional.

Apesar dos problemas, a favela segue crescendo num ritmo explosivo e a comunidade já conta com todo tipo de comércio. São mais de dois mil estabelecimentos comerciais, que negociam de tudo. Há de açougues a livrarias; de salões de beleza a peixarias; de pet shops a lan houses.


Fonte de referência: Portal do Ipiranga – matéria de 11/04/2008.