sexta-feira, 16 de julho de 2010

Heliópolis realiza trabalho com jovens grávidas


Priscila Mendes, aos 15 anos, é uma jovem mãe há quase um ano. Ela mora com os pais na comunidade de Heliópolis e conta com o apoio do pai de Dérick, o filho de 8 meses do casal.

A gravidez na adolescência ocorre entre a primeira e a quinta relação sexual, segundo pesquisa do IBGE. Quando isto acontece a jovem tem de enfrentar, paralelamente aos processos de transformação do corpo, as mudanças causas pela gestação. A gravidez precoce representa uma sobrecarga psicoemocional muito grande, pois, na maioria das vezes, a adolescente não a planeja.

A pesquisa do IBGE mostra também que nos últimos anos ocorreu aumento de 18,52% do índice de gravidez entre as jovens na região Sudeste. O índice é maior em regiões periféricas e em situação econômica menos favorecida.

A comunidade de Heliópolis, zona sul de São Paulo, é considerada a segunda maior favela da América Latina. Lá vivem aproximadamente 125 mil habitantes, sendo que 35% deles são jovens de 10 a 24 anos. Muitos destes jovens pulam a etapa da vida que seria de descobertas pessoais para gerarem uma nova vida.




Para auxiliar esse grande número de jovens, Heliópolis conta com a Casa do Adolescente - complexo hospitalar anexo ao Ambulatório Médico de Especialidades (AME) - que atende jovens com idade entre 10 e 19 anos.


A casa do Adolescente atende atualmente 126 grávidas de 13 a 19 anos. "Nós atendemos muitas adolescentes aqui, no entanto, acho que esse número é pequeno se comparado ao tamanho da comunidade", explica a enfermeira Flávia Nicolav Farias, responsável pelos grupos de orientação a gestantes da casa do Adolescente.

Além do Trabalho de orientação e prevenção aos riscos da gravidez, as adolescentes como Priscila, que fez maior parte do seu pré-natal na Casa do Adolescente, contam com o apoio de nutricionistas, psicólogos, dentistas, hebiatras - especialista médico para adolescentes - e assistentes sociais.

A adolescente reconhece a importância que os profissionais exerceram em sua gestação. "No ínicio foi muito difícil, mas com a ajuda deles e do meu namorado eu consegui controlar os medos da minha gravidez", relata Priscila.

Segundo a enfermeira Flávia Nicolav, muitas jovens atendidas na Casa do Adolescente deixam de estudar durante a gestação. "Cerca de 80% das jovens atendidas aqui param de estudar a gravidez e apenas 30% voltam após o nascimento da criança", explica Flávia.

Esse dado se confirma no depoimento de Priscila. "Eu parei de ir pra escola porque tinha vergonha do barrigão, agora não quero deixar Dérick sozinho ou com pessoas estranhas. Quem sabe, quando ele crescer um pouco mais eu voltarei a estudar", conta a Adolescente.

A pesquisa do IBGE aponta os fatores mais frequentes que levam à uma gravidez precoce, são eles: o desconhecimento dos métodos contraceptivos, que, apesar de conhecidos, não são praticados.

A casa do Adolescente conta com apoio de grupos de orientação, que têm como objetivo suprir os jovens da comunidade e ampliar as informações acerca da gravidez, além de outras questões sócio-educativas.




Autoria: Ana Paula e Renata